sábado, 22 de agosto de 2009

Confundido com ladrão, vigilante agredido em mercado diz ter sido vítima de racismo

O vigilante Januário Alves de Santana, 39, acusa cinco seguranças de uma loja do supermercado Carrefour em Osasco (Grande São Paulo) de tê-lo espancado após ser confundido com um assaltante. Segundo ele, a agressão ocorreu quando tentava entrar em seu carro --um Ford EcoSport-- na noite do último dia 7.
Santana, que é negro, registrou um boletim de ocorrência na ocasião, e o caso será investigado pelo 9º Distrito Policial de Osasco. O advogado Dojival Vieira do Santos --que preside uma ONG (organização não governamental) que combate o racismo no Brasil-- afirma que o vigilante foi vítima de preconceito racial tanto pelos seguranças da loja quanto pelos policiais militares que atenderam a ocorrência.
"O negro com aparência humilde é o suspeito padrão. Mesmo ensanguentado, todo maltratado, ele foi tratado como suspeito até mesmo pelos policiais militares que atenderam a ocorrência, e teve que provar que o carro era seu para deixar o estacionamento", disse o advogado à Folha Online.
Segundo o advogado, o carro está registrado no nome da mulher de Santana, que fazia compras no mercado com os dois filhos do casal.
Santos diz que os policiais militares que estiveram no local só autorizaram sua saída do mercado após a apresentação do documento, sem prestar socorro. Segundo o advogado, Santos não recebeu atendimento e teve de se dirigir sozinho a um hospital para ser socorrido.
Diante das acusações, o advogado afirma que irá acionar na Justiça tanto o Carrefour quanto o Estado de São Paulo por danos morais.
"Eles [a polícia e os seguranças do mercado] pensaram que jamais um negro poderia dirigir um EcoSport", disse o advogado, que afirmou que acompanhará as investigações policiais.
"Vamos acompanhar o andamento do inquérito policial. Ele passou pelos exames no IML [Instituto Médico Legal], e também vamos solicitar as imagens das câmeras de segurança da loja [para identificar os agressores]."
Outro lado
O Carrefour afirmou, em nota, que "repudia toda e qualquer forma de agressão e desrespeito" e que "a empresa vai colaborar com as autoridades policiais para a rápida finalização das investigações e espera que os responsáveis [pela agressão] sejam rigorosamente punidos".
A Polícia Militar informou, também por meio de nota, que instaurou um procedimento para apurar as denúncias do vigilante contra os policiais militares. A corporação disse "que não compactua com nenhum tipo de discriminação".
Fonte: Folha Online

Um comentário:

  1. Precisava de um texto sobre isso e me ajudou muito. Obrigado! Mas é triste saber que ainda tem pessoas que discriminam outras pela cor.

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